ICARO – de Daniele Finzi Pasca

Daniele Finzi Pasca

Icaro

Foto | Andrea Lopez

No projeto dedicado à figura de Ícaro, a fragilidade humana é o grande instrumento de Daniele Finzi Pasca. O clown protagoniza um espetáculo mágico, repleto de recursos expressivos e poesia, cujos temas principais são a luta contra o destino, além da resistência à dor e à doença.

Escrita no breve período de prisão em que o autor passou na Suíça, por não servir ao exército, a peça testemunha a luta contra o poder, a doença, o cheiro da morte. A história retrata um paciente recém-chegado em um hospital psiquiátrico, que conhece seu companheiro de quarto. Juntos, para vencer a insônia e a solidão, partem em uma viagem imaginária, se revoltando contra o destino que lhes prende entre os lençóis da cama do hospital. Assim, a força das palavras torna-se protagonista e o palhaço é o artesão de pequenos milagres, de fugas excepcionais.

“Imaginei o espetáculo para um só espectador… para um herói desconhecido”, brinca Daniele que, durante a peça, escolhe uma pessoa do público para ser seu companheiro de “quarto”. “Em Ícaro, queria falar de esperança, mas trazendo à vida os anti-heróis, que é como a maioria das pessoas se enxerga. A este personagem cabe traçar a história de todos aqueles que, de certa forma, vivem a derrota, uma derrota que no jogo burlesco se anima de cores e epopeias”, reflete o autor sobre a essência do espetáculo.

“Eu venho das montanhas, de onde escapamos nos arriscando. As montanhas te acompanham por toda a sua vida. Elas definem o horizonte vertical da imaginação das crianças antes mesmo de serem gravadas na memória. De onde venho, algumas pessoas escalam suas montanhas todos os anos só para renovarem seus laços que nunca mudam. Troca-se o governo, crianças nascem, perdemos velhos amigos, mas as montanhas permanecem imutáveis. O maravilhoso de um encontro fora do tempo é que a cada ocasião nos descobrimos transformados. Um espetáculo para um ator é às vezes um dos lugares onde ele pode escapar nele mesmo. Ele continua a contar as mesmas histórias, e a cada vez que o faz, ele descobre que mudou. Ícaro é uma destas montanhas que eu venho escalando nestes últimos vinte anos. Através do teatro me esforço para chover nos olhos dos outros; uma agradável massagem para a alma.”

Foto | Viviana Cangialosi

Companhia Finzi Pasca

A Companhia Finzi Pasca foi criada em 2011 por Antonio Vergamini, Daniele Finzi Pasca, Hugo Gargiulo, Julie Hamelin e Maria Bonzanigo. Nesta aventura convergem as histórias do Teatro Sunil [criado em 1983] e da Inlevitas Produções [criada em 2010],  ambos fundados por Daniele, motivados pelo desejo de desenvolver projetos artísticos que continuem a ampliar o espectro do “Teatro da Carícia” – técnica teatral desenvolvida por Finzi Pasca, baseada no gesto invisível e no estado da leveza em todas as dimensões: um estilo singular de criação, direção e produção e uma filosofia de treinamento para atores, acrobatas, músicos, dançarinos e técnicos. A companhia conta com diversos colaboradores de áreas e nacionalidades distintas para criar e apresentar seus espetáculos – seja um monólogo de um palhaço para um único espectador ou produções maiores para o teatro, dança, ópera e cinema.

Foto | Viviana Cangialosi

Daniele Finzi Pasca (Lugano 1964)

É diretor, autor, coreógrafo e clown. Em 1983, fundou o Teatro Sunil, companhia na qual elaborou uma nova visão do clown, da dança e do jogo junto a Maria Bonzanigo e seu irmão

Marco, concepção que eles batizaram de “Teatro da Carícia”. Criou 25 espetáculos, dentre eles, “Ícaro”, monólogo escrito em 1991, que foi apresentado mais de 700 vezes, em seis idiomas diferentes. Em 2000, é convidado pelo circo canadense Éloize e retorna ao mundo do circo, escrevendo e dirigindo “Nomade”, “Rain” e “Nebbia”, este último uma co-produção do Teatro Sunil e Circo Éloize. Em 2003 ele é chamado pelo Cirque du Soleil para fazer a criação e direção de um espetáculo e dois anos mais tarde estreia “Corteo”. No ano seguinte ele assina a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim. Em seguida, o Festival internacional de teatro Tchekhov de Moscou convida-o a criar um espetáculo para a abertura das festividades da edição de 2010, na comemoração dos 150 anos de nascimento do célebre autor russo: “Donka”, que estreou dia 29 de janeiro de 2010. Paralelamente, funda com Julie Hamelin a Inlevitas Produções, uma nova companhia consagrada no desenvolvimento de projetos de ópera e cinema, entre outros. Em 2011 funda ao lado de seus colaboradores Antonio Vergamini, Hugo Gargiulo, Maria Bonzanigo e Julie Hamelin, a Cia Finzi Pasca, fusão entre Teatro Sunil e Inlevitas. Em 2011, dirige a ópera Aída no Teatro Maríinsky, sob direção musical de Valery Gergiev e a ópera Pagliacci no Teatro San Carlo de Nápolis.

Foto por: Viviana Cangialosi

Ficha técnica:

Texto, direção e atuação | Daniele Finzi Pasca
Cenografia | Hugo Gargiulo
Música | Maria Bonzanigo
Diretor técnico | Marc Laliberté
Agenciamento internacional | Julie Hamelin
Produção e agenciamento no Brasil | Performas Produções
Direção de produção | Andrea Caruso Saturnino
Produção executiva | Carol Bucek

Acesse: www.finzipasca.com